TE DEVORO

Não se engane...

Não procure os desvendar...

Não se atreva a se aprofundar...

Não lamente se por eles se encantar...

Não se mate se eles o decepcionar...

Não siga-os se eles desviar...

Não os fite se eles o fitar...

Não queira nunca, eles decifrar...

São apenas olhos...

Dispostos só, a te devorar!

NÃO LIGO!

Não o culpo por ter partido...

Me culpo por um dia obriga-lo a ficar.

Não me importo de ter virado as costas pra mim...

Lamento apenas por te-lo olhado nos olhos.

Não ligo se não voltar...

Ficarei decepcionada se um dia eu te procurar.

Não ligo para o que fez comigo...

Fico em paz com o que fiz por você.

Não me importa se tem boas lembranças...

Fiz questão de esquece-las.

Se pra você fui, ou sou tudo...

Me pergunto... Quem pra mim é você?

Fico absmada como a tristeza interna me faz feliz externamente....
Como tudo se reflete falsamente e indignamente sedutor...
Como a vulgaridade se faz sutil...
Como o Demônio balbucia escrituras divinamente...
Como ser errado sempre está certo...
Como o amanhecer é negro...
E o anoitecer sereno!

PRA CADA UM... UM!

Pra cada tristeza, há alegria...
Pra cada solidão, há companhia...
Em toda calmaria, há euforia...
Pra primeira, há a derradeira...
Para o término, o eterno...
Há também um sim para cada não...
Uma luva para cada mão...
Um pé descalço para cada sapato...
Uma poção sem solução...
Um canto para um encanto...
Um não e um então...
Um enfim para o fim...
A luz para escuridão...
Uma Eva e seu Adão...
A necessidade e a ocasião...
O permanecer e seu estabelecer....
O ditador e seu opositor...
Sempre há o oposto para o imposto...
Para o ponto de partida, há chegada...
Para a despedida, há vinda...
Para a morte há vida ..
Para a noite há dia....
Para o não saber...
Há guia.

NEM SEI!

E foi olhando pro nada que vi tudo

Foi sentindo tudo tudo que vi não ter nada

Foi morrendo de saudades que te esqueci

Foi esquecendo de ti que morri.

Foi limitando-me que me libertei

Foi libertando-me que me limitei

Foi traçando fronteiras que avancei

Avançando que estacionei

Foi parada que chorei

Foi chorando que acordei

Acordada caminhei

Caminhando tropecei

Tropeçando... levantei!

DIGA COM QUEM TÚ ANDAS...

E direi quem tu és!
Andei com putas e santas.
Bandidos e mocinhos.
Moças de família e família sem moças.
Homens e mulheres...
Já andei com pais e filhos.
Padres e pecadores.
Crédulo e ateu.
Deus e o Diabo.
Pacificadores e terroristas.
Meninos...Meninas...
Sinceros...Hipócritas...
Saudáveis e doentes.
Com você...
Comigo...
Diga.
Com quem tu andas?
E te direi...
Quem tu és?

POBRE MENINA RICA!

Pobre menina...

Era tão pobre, tão pobre... que só tinha dinheiro.

Comprou tanto... tantas... quais e quantas queria.

Tinha tudo... todos e qualquer.

Ia... vinha... permanecia e sumia.

Nas mãos achava que tinha a vida... dela... deles e daqueles...

Tão rica... tão rica...

Que não tinha onde cair dormindo... morta nem viva!